
Estes são dias marcados por pessoas cansadas, em crises pessoais ou de trabalho, desanimadas e frequentemente experimentando algum tipo de esgotamento. Boa parte dos fatores de risco se encontra na sociedade: pressões externas, demandas sem fim ou enfermidades psicossociais. Outra parte é definida pela atitude de nosso coração.
Em 2 Timóteo 2:11-15, Paulo dá orientações ao jovem líder Timóteo:
“Esta palavra é digna de confiança: se morremos com ele, com ele também viveremos; se perseveramos, com ele também reinaremos. Se o negamos, ele também nos negará; se somos infiéis, ele permanece fiel, pois não pode negar-se a si mesmo. Continue a lembrar essas coisas a todos, advertindo-os solenemente diante de Deus, para que não se envolvam em discussões acerca de palavras; isso não traz proveito e serve apenas para perverter os ouvintes. Procure apresentar-se a Deus aprovado, como obreiro que não tem do que se envergonhar e que maneja corretamente a palavra da verdade”.
As principais orientações de Paulo ao jovem líder não se referem ao sucesso, destaque, produção, promoção e realizações, mas à uma postura do coração. Ele diz “se… morremos…, se perseveramos…, se somos infiéis…” – falando sobre as coisas do coração e não da vida pública.
Paulo ensina que aquilo que nos define não é o nosso trabalho, imagem ou reconhecimento, mas nosso relacionamento com Deus. Não é um título ou reconhecimento público, mas nossa vida com o Pai. Vale lembrar que quem ensinava sobre isto era um homem afeito ao trabalho, um incansável missionário, plantador de igrejas e grande teólogo. Parece-nos que ele compreendeu (e ensinou) que a primeira missão da igreja não é frutificar, mas morrer. Por isto, escrevendo aos Gálatas, ele declara: “já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim” (Gl 2.20).
Paulo ensina também que o obreiro chamado por Deus deve se apresentar “aprovado”. A expressão usada (Dokimon) indica uma “medida certa”, nem mais nem menos.
Talvez esteja aí uma das principais fontes de esgotamento em nossos dias, a falta de discernimento sobre a medida certa. Devemos evitar fazer mais do que aquilo que nos cabe, e evitar também fazer menos. Viver e trabalhar na medida certa previne a crise, protege as emoções e glorifica a Deus.